quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Último Dia Naquela Cidade

A gente tava de bobeira pela cidade quando passamos perto do estádio. "Vamo ver o jogo?", alguém disse. Concordamos todos. Compramos uma vodka no supermercado e voltamos pro mesmo lugar.

Não demorou e começamos a trocar idéia com os caras do Comando - torcida organizada do time local. Eles nos venderam os ingressos, ficaram bebendo conosco e fumamos um morrão. Depois do jogo foi uma festa da porra, porque tinham ganhado de quatro a zero. Os caras nos levaram pra sede deles. Tiramos umas fotos, bebemos umas cervejas.

Saímos de rolê. No total dava umas sete cabeças. Paramos num mercadinho pra comer uns salgados. Pra tirar onda de baiano eu dei um banho de pimenta na coxinha. Como eu tava bêbado, pra mim tava de boa. A cada mordida que eu dava eu embebia aquele salgado frio com o líquido. Um cara do Comando quis me imitar. Só que a boca dele ficou ardendo pra caralho, a gente começou a rir ao mesmo tempo que ele também ria e não parava de colocar mais pimenta e comer.

Continuamos andando. Tava frio pra caralho, uns sete graus, sei lá - na madrugada eu tirei uma foto na frente do termômetro marcando sete graus. Porra, pra mim isso é muito frio. Decidimos ir num puteiro ali perto - Edgar preferiu ir numa boate, ele ia encontrar outra galera conhecida lá. Os outros dois brothers que tavam com a gente voltaram pra universidade. Ficamos só eu, Ivan e os caras do Comando (uns cinco).

O puteiro tinha chão de taco, algumas mesas de madeira, um balcão na frente, várias mulheres - umas sete ou oito -, tanto novas quanto velhas. A cerveja era uns dez reais a garrafa. Ivan tratou de pedir uma. Sentamos a uma mesa, separada dos caras do Comando, bebendo de boa e trocando uma idéia. Nessa eu fui intimar uma morena, gostosa até. Cabelo preto longo, cacheado, disse o nome dela, daonde era (uma cidade qualquer do interior). Cinquenta conto mais quinze do quartinho em cima. Subimos. Tirei a calça com todos os documentos e deixei num lugar próximo pra ficar ligado em não sumir nada. Não queria tomar um a zero daquela mulher. Fiquei peladão. Ela disse que eu tinha o corpo bonito, um "ticão". Na real, foi uma boa foda. Depois de gozar fiquei deitado fumando um cigarro, relaxando. O quarto não tinha porta, era tipo uma cortina, estilo casa de indiano, então quando eu penso que não me adentra naquele inferninho Ivan completamente bêbado com uma gordinha gritando "é suruba, Carlão! Putaria!". Eu ri pra caralho. Rapidinho ele botou a mulher de quatro e começaram a fuder ali mesmo do meu lado. Eu assisti um pouco, me vesti e desci. Fiquei conversando com os caras do Comando e uma loira gatíssima - a puta mais gata do brega, eu acho. Ela me perguntou se Ivan tinha subido sem pagar o quarto. Eu respondi que não sabia. Parece que ele não pagou o quarto mesmo. A loira disse que o dono não ia gostar se soubesse, mas que eu ficasse numa boa que não ia pegar nada. Não demorou muito, ele desceu com a criatura. A loira foi tirar satisfação com a gordinha, saber porque ela não repassou o dinheiro do quarto pro bar ou algo do tipo. Eu não fiquei pra ver. Chamei Ivan pra ir embora. A gente se despediu dos caras e da loira. Perguntamos se era tranquilo andar por ali àquela hora, eles falaram que sim, que qualquer coisa era só dizer que tava com eles.

Voltamos caminhando pra universidade, era uma ladeira enorme, umas três da manhã, fazia frio, não tinha mais um carro na rua. Foi o último dia naquela cidade.

Nenhum comentário: