segunda-feira, 12 de março de 2012

Bahia, Cocaína e Treta

Estávamos ouvindo o jogo pelo rádio, todos dentro do carro, bebendo cerveja do cooler, no estacionamento de um supermercado. Entre um teco e outro, risadas e gritaria. Era o jogo que o tricolor precisava pra subir. Eu tinha tomado um ácido, então só dei um teco. Estávamos todos nos divertindo.

Uma hora todos ficaram calados e só eu ainda rindo, sentado no banco do carona - o jogo rolando no rádio. Quando eu olho pro lado, vejo uma pistola prateada apontando pra mim. Imediatamente alguém atrás de mim falou "a gente tá só comendo água e ouvindo o jogo.". O dono da arma, um cara negro, enorme, perguntou, "é só cachaça, né?", acho que apenas para confirmar, mas quando ele olhou pro tampo do porta-luvas avistou a capa de um CD toda suja de branco. Nesse momento ele retificou a pergunta num tom meio afirmativo: "Cachaça e farinha, né.", concluiu sério. Nesse momento eu falei: "a gente tá se saindo, irmão.". Então, enquanto dávamos ré, ele respondeu "é bom mermo." e falou algo sobre não voltarmos mais ali.

Levamos o cooler a uma praça no Rio Vermelho e ficamos bebendo. Dava pra saber quando o Bahia fazia gol pelos gritos da vizinhança e pelo barulho dos fogos de artifício. O jogo terminou três a zero.