Carlos gosta de se relacionar com pessoas de vários tipos. Tem, por exemplo, o seu amigo Baltazar. Baltazar é aquele tipo que gosta de expor seu corpo talhado a bomba e frequentar as festas da moda. Pois bem. Um dia ele tava bebendo num bar com Carlos e veio com a seguinte idéia.
- Porra, Carlos, vamo lá nessa festa.
- Me explica esse esquema direito aí que eu vejo se vou ou não.
- Certo. É assim ó. Você paga 100 conto e ganha uma camisa rosa-choque que serve como ingresso pra festa. Se você quiser vestir uma camisa de outra cor e mostrar um poder aquisitivo um pouco maior, você paga 150 e pega uma camisa verde cana. Se você tiver ainda mais dinheiro disponível pra gastar, você pode botar 200 e sair com uma camisa azul-claro. É claro que quanto mais cara a camisa você tem mais chance de beijar na boca de uma mulher que não conhece. E aí?
- Ótimo. Qual o som que róla nessa festa?
- Chiclete com Banana.
Carlos deu uma golada no seu copo. Ele não achou ridículo nem nada. Tudo bem que ir numa festa onde a maioria veste uma camiseta rosa-choque não é empolgante - menos ainda quando se cria uniformes diferenciados pra quem pagou mais. Além do mais, ele não vê graça em beijar mulheres que ele nunca viu na vida - menos ainda expor essa contabilidade aos amigos. Sem contar que a música é vazia e repetitiva.
Baltazar estranhou a expressão no rosto de Carlos. Na cabeça dele Carlos é aquele cara meio maluco mesmo. Aí resolveu descabecear.
- Puta que pariu, que gostosa, ó pra lá Carlão!
Não era uma bunda enorme dessas. Era uma bunda no lugar certo (na hora certa também). Carlos acendeu um cigarro e se esparramou na cadeira seguindo com o olhar aquela bunda caminhando e imaginando se algum dia a comeria. Depois pensou nas suas obrigações, nos seus pais, no seu futuro, no ser humano, no futuro do ser humano, mas depois parou e achou que se conseguisse essa camisa rosa-choque de graça e tivesse bêbado na hora, até iria nessa festa.
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