Naquela noite cheguei em casa tão tarde quanto chegaria o
Batman. Tão doidão quanto o Coringa após uma noitada com o Charada. Rapaz, aí
sim era problema. Charada, cara alucinado, gostava mesmo de ácido, pura fritação,
do tipo que esquecia o próprio nome e dava risada em cima disso e fazia piada com
todo mundo logo depois, terminando por fim contando outra piada e esquecendo da
piada anterior. Coringa, classicamente, era o velho amigo do pó, sempre insano,
gastando, mas consciente pra caralho. Certamente, as noites em claro sempre
foram um clássico do Coringa, assim como festas nonsense
de três dias e as mais absurdas tretas. Nada que se comparasse a uma mera tarde com
o velho Chara, aquele louco que curtia cores vibrantes e ideias nefastas.
O problema do Batman também era a cocaína, lógico, isso
sempre foi nítido. Até a forma humana do herói era um playboy fanfarrão que
curtia meninas, festas e putarias insanas, chegando a invadir uma piscina e acabar
comprando um hotel inteiro no desfecho (?). Logo, um doidão. De noite era
o Batman, cavaleiro das trevas, justiceiro solitário, de rua em rua, de beco em beco, de boca em boca, de bandido em bandido, rouba a
droga e espanca o bandido, rouba o bandido e usa a droga, bate e vinga a cidade
de Gotham do crime eterno. E é numa dessas suas nights desenfreadas que o herói
encontra sua versão bizarra, seu oposto de cara branca, nariz branco, pupila
dilatada e gastação estridente, o tal do Coringa. Em busca do mesmo ouro, os
algozes se espancam até o fim, até a morte, até a última pedra da boca.
Pois é assim que sempre se resolveram as coisas no mundo dos
quadrinhos. E não me façam contar do dia que Robin inventou de tomar uma balinha que o Charada deu pra ele na balada... Esse sim é um dia não muito comentado na história dos quadrinhos.
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