Naquele fim de semana de janeiro Carlos foi com alguns amigos numa casa de praia que eles haviam alugado pra passar alguns dias. Tudo tranquilo na ida, umas cervejas, uns baseados, aquele negócio todo. A casa ficava bem na beira da praia. Carlos arrumou sua bagagem no canto e foi dar um rolé num pedalinho que lá havia que mais parecia uma bicicleta aquática - é lógico que levou um fechado pra destilar.
O mar estava calmo. "Dá pra acender um beck", pensou. Quando assoprou o fósforo pra apagar, o pedalinho deu uma arrancada monstra. Algo fantástico. Carlos ficou de cara com aquilo. Tentou de novo com um fósforo apagado. Deu certo. Demais. Assoprava e assoprava aquela parada. Tentou com outras coisas, como uma tampa de caneta Bic. Nessa, o pedalinho não só ia mais rápido, como também flutuava. Passou umas horas curtindo essa onda, até que avistou uma casa pequena que ficava sobre palafitas na praia. Essa casa tinha umas portas pequeninas e por uma delas saiu uma criatura - aparentemente fêmea -, numa espécie de mini-varanda, do tamanho de uma criança de cinco anos, só que bem feinha, se movia como adulto e tinha dois chifres como os que os body mods usam. Saudaram-se Carlos e ela, cordialmente, e ele rumou para casa novamente.
Na casa, resolveu tomar um banho pra tirar o sal do corpo. Tinha um cara barrigudo e careca tomando banho de porta aberta. Sem pedir licença, Carlos jogou uma água no sovaco e foi pra cozinha. Outra criança de chifre cruzou seu caminho. Na cozinha, uma cadeira se mexia sozinha: dando pulos, contornou uma mesa de madeira. "Caralho, a cadeira tá se mexendo. Venham ver, galera.", gritou. No exato instante que chegou alguém, a cadeira ficou novamente imóvel - ele já previra que isso aconteceria. Depois que seu amigo foi embora desapontado, surge uma mulher sentada nessa cadeira olhando pra Carlos com uma expressão mau-humorada.
Ele decidiu ir comprar uns cigarros na loja de conveniência próxima. Chegando lá, avistou uns policiais em formação de invadir a porra da loja. Estilo SWAT mermo. Atravessou a rua e se escondeu atrás de um muro que cercava fajutamente um terreno baldio, de onde observaria o movimento e, quando acalmasse, poderia comprar seu cigarro. Não demorou nem quinze minutos, a polícia nem tinha chegado a invadir, os bandidos, de repente, saíram correndo bem na direção de Carlos, de modo que a polícia sequer teve alguma reação. "Me fudi!", pensou. Quando viu que a porra ia pegar pro seu lado saiu de trás do muro com as mãos pra cima. Os ladrões bem próximos fizeram a mesma coisa. Quando se tocou, Carlos se viu numa roda com aqueles caras, todos com os braços levantados, dançando e cantando. Até que um deles perguntou: "Você tá armado?". Carlos respondeu que não. A mão do cara foi veio certeira na direção do pau de Carlos e, se ele não desviasse a tempo dando um pulo pra trás, teria levado um baculejo na piroca. Pensou: "Ói, vou acordar que esse sonho já passou dos limites."
2 comentários:
suas histórias já estão me assustando.
Esse Bruxo tem fumado demais!
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