Carlos era um preguiçoso nato que tinha o costume de dormir depois da aula. Era época de campanha eleitoral e todas as tardes passava um maldito carro de som, um não, dois ou três cantando músicas de candidatos diferentes como se aquilo fosse, de fato, influenciar na decisão de um eleitor por mais imbecil que ele seja - enquanto Carlos tentava dormir o sono dos irresponsáveis.
No meio da tarde se ouve bem baixinho aquela música repetitiva e, em poucos segundos, já Carlos escuta aquilo bem embaixo da janela do seu apartamento. Puta merda, pensou. Vestiu o short e desceu. O movimento do carro de som era circular e parecia que não ia parar nunca. Carlos se prostrou na calçada até que quando o carro veio a uma velocidade razoávelmente baixa ele parou na frente. BEEEEEEP.
- Peraí, amigo.
Eu não lembro o nome do candidato, mas digamos que seja Virgílio.
- O meu voto já é do Virgílio, você venceu. Agora, pelo amor de Deus, vá conquistar outros eleitores na casa da porra porque eu não aguento mais.
- Como é, rapaz?
- Tô falando sério, eu vou votar nesse cara, então você faça o favor de ir.
- Tudo bem.
- Sério??
- Sério.
- Mas, você vai votar nele realmente por causa da música?
- Sim.
- Fale a verdade. Afinal ninguém é tão imbecil a esse ponto.
- É, você tá ligado da colé.
- Todos esses candidatos soam tão ridículos.
- Aham.
- Tá a fim de tomar uma?
- Vamo nessa.
Enfim, Carlos conseguiu se livrar da tortura, votou nulo e ainda ganhou uma companhia pra tomar cerveja e viveu feliz.
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