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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Efeito e estilo


Antagônicos desde suas origens, efeito e estilo compreendem diferentes ideais de vida. Alguns preferem viver o efeito, outros o estilo. Comecei a pensar nisso quando conversava com um casal de amigos sobre um possível café pós-fumo. Aqueles que se toma para reavivar a chama interior quando o fumo superior acaba superando esta em muito. Papo complexo, mas onda real. 

Após um almoço pesado e um dia de trabalhador, nada melhor do que um copo de café. Já havíamos conversado sobre o café há muitos minutos e naquele momento o que imperava era a necessidade de livrar nossas almas do cansaço e da pestilência. Nunca cairíamos nos braços da ardilosa procrastinação humana, então sem dúvidas necessitávamos de um coffee para voltarmos a produzir. 

Voltarmos a terra onde tudo é produzido o tempo todo. Ah, a terra da produtividade, onde os homens se encontram bem arrumados, empregados, de óculos, anel, celular, sorriso e seriedade, tudo em uma só embalagem. É incrível. 

A minha genial reflexão sobre a produtividade e o mundo humano foi interrompida abruptamente por uma sutil colocação: “A gente podia tomar café no Fran's Café!”, disse a garota do casal. Eu fiquei em choque. “Fran's Café? Um lugar especializado em café? Seria especializado em café ou em estilo?” Pensei comigo mesmo, sem expor inicialmente meu ódio àquela sentença.

Durante todos aqueles 6 minutos de conversa que tivemos sobre o café, só consegui me imaginar sentado meio largado numa mesa de um bar fuleiro ou numa padaria bem vagabunda de esquina. No máximo, me imaginaria na mesa com minha mãe após o jantar, mas eu estaria da mesma forma: largado e vadio. Eu não consegui associar de imediato a ideia de “tomar um café” à ideia de chiqueza, de estilo, de sair para a rua. Não, nunca. Café era um elemento-chave na produtividade humana, café era poder e todos deveriam ter um pouco para casos de necessidade. Café pra mim era preto, num copo pequeno e bem sujo, mas repleto de utilidade. Produzir, falar, escrever. Sou interessado nos efeitos, na agonia, na rápida resolução de problemas, e não naquele estilo tão diferente, num sentar, num olhar ou vestir que parecem tão alienígenas pra mim. Não colocaria uma roupa pra ir tomar um café. O café não merece e nem pede uma roupa; ele pede coragem, desejo de vencer e espírito de lutador. Pede dor, sangue, suor, ódio, máquina e engrenagem. 

Por isso quando entro no boteco da esquina ou na birosca mais suja da região, eu peço café com um desejo quase viking, agressivamente interior. Eu peço café, o efeito, e não café, o estilo.


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O café

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Cada um com seu estilo



O verdadeiro Banco do Brasil Estilo:


1. Produtos e serviços diferenciados: 
Uma gostosa de biquini te atende enquanto uma oriental faz carinho em seu cabelo e seu petisco favorito (com direito a limão e pimenta) é oferecido. E você ainda tem o direito de recusar caso não queira o petisco.

2. Equipe de profissionais capacitados:
Além da gostosa, os outros membros da equipe são seus amigos sentados numa mesa cheia de cerveja e alegria, um peru assado na mesa e 55 pacotes de salame já abertos, além de um poster de alguma banda -à sua preferência-. Você tem o direito de rasgar o pôster e pedir para que qualquer amigo que você considere incapacitado (panaca) saia da mesa ou morrerá.

3. Máximo de conforto e sofisticação:
A agência é na praia.
Você tem a opção de mudar a agência pro clube, boteco ou praça à sua escolha.






O grande problema é aquele velho lance esperto do empreendorismo. O usuário (sim, estamos falando de outro tipo de usuário nesse post) Prêmio tem direito às regalias, objetos/situações/ambientes que o usuário Grátis não tem.

E tudo o que você precisa fazer para se tornar um usuário Prêmio é ter bastante estilo. É estilo pra se fuder. Estilo de manhã, estilo de dia, estilo de smoking na praia e charuto cubano nos bolsos do paletó, estilo nos olhos, no cabelo, carteira, ânus e dentes. Estilo ao comer putas no carrão, estilo ao bater aquele barrão no mar, estilo para dançar pelado. É estilo. Poucos tem, muitos o querem.
 
E quem não quer pode pegar a fila e fazer seus downloads com metade da velocidade. Cada um com seu estilo: ou você é prêmio ou é grátis.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Empreendedorismo aplicado aos downloads gratuitos

Se você já viu a imagem abaixo, com certeza já se sentiu o sabor da revolta virtual moderna:


Suas opções enquanto jovem downloader: ser o perdedor, adepto da conta GRÁTIS, ou ser o vencedor da super velocidade e tratamento especial Prêmio.




Quase uma propaganda de cerveja, refrigerante ou pasta de dentes (por mais surreal que pareça), eles querem que você seja descolado, vencedor, primeiro, líder, especial, bonito, interessante, intrigante, jovem e, claro, investidor. Assim como os bancos, eles querem que você seja o cliente Estilo que é atendido na sala estilosa com ar-condicionado gelado e gostosa na mesa (ou ar-condicionado gostoso e uma gelada na mesa), diferente dos não tão bem atendidos pegadores de fila da sala ao lado.

E é por isso que eu me estresso no banco ou fazendo downloads gratuitos.
Obrigado.