quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Parábola do Maconheiro Sangue Bom

o sujeito barrunfado pega elevador junto com um tipo de agrupamento humano denominado família brasileira, formado por casal de avós, filho e neta. e eles vêm puxar papo. para ele, plantar-se era um grande desafio.

perguntas sobre a vida quando sequer sabem seu nome. Carlos Alberto? Zé Roberto? não importa. esse cidadão tinha terminado de fumar uma morra e conversar algo sério com alguém implicaria um grande esforço mental pra não parecer viajante ou sequelado. respostas dadas com o máximo de objetividade, sempre com um grau de simpatia num nível que não deixe transparecer qualquer tipo de retardamento. a lombra é braba. é insana. a massa era o barro. os pensamentos a mil, enquanto aquelas pessoas lhe perguntavam qual sua ocupação. em outras palavras: como vai a faculdade? coisas desse tipo. falando cada vez num tom mais debochado, vai desenvolvendo a conversa durante cinco andares que mais parecem trinta.

eles estavam, de certa forma, agradecidos. o indivíduo, minutos antes, ao entrar no elevador, ouviu o barulho deles chegando e fez a cortesia de esperá-los. não se importava em dar pala. então, para compensar, esse bom homem exala todo o aroma canábico naqueles metros cúbicos, enquanto os cinco ocupam perfeitamente aqueles metros quadrados, sem que precisem se tocar, como se a distância entre cada um fosse igual.

o nosso herói se despede deles com um misto de polidez e cinismo. uma espécie de gentleman descarado. um cara gente fina. um maconheiro sangue bom.

3 comentários:

Eduardo disse...

Quem era esse patcharoso!? huauauha

Murillo disse...

sinto que a arte imita a vida...ahahha

Ju disse...

hehe, sangue bom!