O fim do copo parece ser sempre mais revelador do que o começo. Desde que comecei a beber, notei que cada golada surgiria como a promessa de um novo amanhã, ou um novo hoje com um novo motivo para ter algo novo amanhã. Algo assim. Desde o começo do meu alcoolismo, essa lógica nunca se escondeu de minhas vistas. A odisseia alcoólica brinca com seus desejos mais nefastos, tornando-o um guerreiro lendário envolvido nas mais diversas tretas (ou batalhas) nesta vida.
E o amanhã seria um brinde numa larga mesa de madeira com javali e costelas de porco servidos no meio e não haveria nenhum vestígio de frutas (embora elas ajudassem na ressaca, ninguém quereria ser um sanguinário guerreiro herbívoro, precisamos admitir esse fato), somente a pura grosseria nórdica. Ao seu lado, todos os seus amigos alcoólatras que beberam -batalharam- na noite anterior estariam acompanhados por duas virgens, enviadas diretamente da vila nórdica mais distante para diminuir a dor e o sofrimento pós-guerra desses heróis. A grande real é que muitos dos guerreiros estariam exauridos naquela ressaca, apesar de sua resistência quase mágica, e seria fundamental que umas garotas loiras e saudáveis pudessem lhe fazer companhia naquele momento frio e solitário. Numa mesa de madeira comendo javali e carne de porco.
A única certeza desses guerreiros odisseicos é que cada batalha será um passo à frente no longo caminho que é a vida. Algum dia, nossos guerreiros chegariam ao final das constantes lutas e seriam amparados somente por aquela que seria a ressaca que acabaria com todas as ressacas. Até hoje, a lenda permanece viva em diversas mesas de madeira e a distância da batalha final parece cada vez menor.
Um comentário:
chupa essa manga: http://www.youtube.com/watch?v=8iM1MNo8lpU&feature=player_embedded
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